Foto: Paulo Mafe
Fundada em 16 de maio de
2006, no bairro de San Martin – Recife, Dona Matuta nasceu da união de jovens
“veteranos” em quadrilha, que tinham como objetivo brincar o São João. Dos
desejos e sentimentos joaninos de Sérgio Trindade (presidente e
marcador),George Araújo, Vivia Amanda (Katuxa), Sérgio Barros, André Perreli,
Henrique Tenório, Edilze Belo, Cezar Augusto, entre outros, numa conversa no
bar Dona Matuta (Ipsep), nasceu a ideia de criar uma quadrilha que reunisse
amigos e contribuísse para a preservação dessa manifestação da cultura popular
em Pernambuco.
Os sonhos não demoraram em
se concretizar. A conversa se estendeu até a casa do marcador, em San Martin,
que até hoje funciona como a sede da quadrilha. Um espaço onde inexiste as
fronteiras entre o público e o privado. A calçada e a rua constituem uma
extensão da casa, onde se conversa e se respira São João o ano inteiro. Um
clima festivo. Regado de bolo. Bolachas e café, vinho, cerveja, risadas e
muitas conversas descontraídas atravessando a madrugada.
Estabelecida uma relação de
identidade da rua e do bairro com a quadrilha, dois nomes talvez se destaquem
como os personagens, que, apesar de não aparecerem em público, constituem
verdadeiros destaques. É o casal Dona Lúcia Trindade e Seu Basta, moradores
antigos do bairro e pais do marcador da quadrilha, que se tornou conhecido na
localidade pelo movimento festivo, que agita cotidianamente a frente de sua
casa. “é a casa da quadrilha” dizem os moradores da vizinhança que passam pelo
animado trecho da Rua Pedro Melo.
O Slogan do grupo “Aqui é só Alegria” é a mola mestra dos
trabalhos que tem duração o ano inteiro. A diretoria (formada por 12 pessoas)
se reúne sistematicamente uma vez por mês no período entre julho e dezembro. A partir
de janeiro, os encontros passam a ser semanais, envolvendo agora um grupo mais
amplo, os dançarinos, cuja procura aumenta a cada ensaio nas ruas e escolas do
bairro.
Foto: Prefeitura do Recife
Em 2007, Dona Matuta
conquista o seu primeiro título: campeã do Grupo 2 do Festival Pernambucano de
Quadrilhas Juninas promovido pela Prefeitura do Recife. No ano seguinte, já
integrando a programação de quadrilhas do grupo Um, com o tema A Grande Festa
de Santa Fé conquista a 6ª posição no Pernambucano e o 5ª lugar no Festival da
Rede Globo Nordeste.
A originalidade do seu
figurino, artesanalmente confeccionado pelas costureiras do grupo e alguns
integrantes, é a marca da Matuta. Filé, fuxico, favos de mel, juta, estão
sempre presentes no seu visual. Outra referência é a trilha sonora. A maioria,
composições do marcador, Sérgio Trindade, autor de mais de 10 músicas, que
integram o repertório da Dona Matuta em seus recentes quatro anos.
Em 2009, Dona Matuta entra
para a história das quadrilhas campeãs de um dos concursos mais esperados pelos
quadrilheiros: O Festival de Quadrilhas Juninas da Rede Globo Nordeste. Com o
tema A Festa do Pau da Bandeira, seus 116 integrantes levaram o resultado de um
trabalho de pesquisa para Fortaleza, onde ganhou o título de melhor marcador e
melhor destaque com o padre no concurso Regional, e conquistou alguns títulos
nos arraias do Recife e Região Metropolitana.
Uma marca da Dona Matuta,
que segue o modelo corriqueiro no interior do movimento quadrilheiro nos
últimos cinco anos, são as festas que organiza para arrecadar dinheiro para
pagamento das despesas do grupo (compra de tecidos, aviamentos, material para
cenários, gravação das músicas do CD do casamento, comprar sapatos das damas e
cavalheiros, arranjos de cabeças, Traque de Massa, Chapéus, Alugar ônibus e
caminhões para transportar a Produção). Essas festas também funcionam como
espaços de sociabilidade entre a comunidade de quadrilheiros. Jovens de
diferentes grupos que se encontram e falam de quadrilha. Relembram fatos
engraçados, alguns cômicos, outros trágicos, mas que existiram e ficaram
registrados em suas memórias individuais e coletivas.
Festival Pernambucano de Quadrilha Junina (Prefeitura do Recife) - 2012
Quadrilha Junina Dona Matuta - Qual o fio, que nos uni e nos separa ?
Fonte: Livro “Nos Arraiais
da Memória – as quadrilhas juninas escrevem diferentes histórias” – Mario Ribeiro do Santos / (Secult / Fundação
de Cultura do Recife 2010)