quarta-feira, 2 de setembro de 2015

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Recife e seus Becos

Social
Beco do Sirigado: de tão estreito, só se encaixam barracas de um lado da rua
Pela fresta superior, quase não entra luz. Mas o imaginário sombrio se desfaz nas conversas, acesas na mente de quem vive e trabalha nos becos do centro da cidade
“Os becos são dos artistas, dos loucos”, Miró, 52 anos, nasceu poeta marginal num sarau no Beco da Fome. O imprensado entre as ruas do Hospício e Sete de Setembro, no bairro da Boa Vista, ecoava seus versos independentes. Acompanhavam Cida Pedrosa, Juarez Correia, Valmir Jordão, Chico Espinhara. Regavam de cerveja barata os versos. A gente ia para lá tomar uma, tomar todas, lembra Miró sobre os anos 1980.


De dia, a hora do almoço enche as mesas do beco sujo. As moscas zanzam sobre os pratos e o calor de meio-dia assola os mendigos que dormem espalhados em folhas de papelão.  O Beco da Fome ganhou o apelido na década de 1960, quando estudantes do Colégio Carneiro Leão, do Colégio Brasil e da Escola de Engenharia de Pernambuco, todos na Rua do Hospício, disputavam um lanche na saída da aula.
No térreo do Edifício Pirapama, que empresta muro ao beco, ficavam o Banco Mercantil do Brasil, cartórios, lojas de presentes e roupas.  Em 1962, se instalou a barbearia Galeria Recife, lá até hoje. “Os clientes eram políticos, empresários e usineiros. João Cleofas (senador, ministro e deputado pernambucano) era amigo de meu pai. O ministro Marcos Freire também”, diz Jorge Fabrício, 49 anos, que assumiu o salão de beleza há 15, quando o pai se aposentou.
Formados espontaneamente no processo de crescimento da cidade, os becos do Centro do Recife muitas vezes funcionam como “ponte” entre ruas movimenta das e costumam ser ocupados por comerciantes.” Para os vendedores, essa condição é interessante, porque o fluxo de passantes é intenso. E o fato de o beco ser estreito permite uma maior proximidade com o cliente”, explica a arquiteta e urbanista Circe Monteiro, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


Geralmente, são espaços pouco valorizados por aqui, ao contrário do que se vê em outros estados e países, conta Circe: “Em vários lugares do mundo, são pontos de atração turística, como os becos de Garan Slam, em Estocolmo”, diz a arquiteta, explicando que a área se parece com o nosso Recife Antigo, cheia de prédios históricos. “Só que lá os becos têm vários bares e restaurantes, proporcionando, ao mesmo tempo, lazer e um encontro a com história da cidade”.Ela também cita como exemplo becos de tradicionais bairros chineses, que costumavam ser desprezados, pelo cenário de pobreza. “Hoje, o turista se interessa pelo beco, porque é um espaço que diz muito sobre o modo de vida do lugar”.
Antigamente era (sempre) melhor
Becos do Veado e da Fome, que ganhou o nome por conta dos jovens que lanchavam lá Manuel, do Marroquim, e Glaine, do Sirigado: fluxo de pedestres atrai comerciantes
No Beco do Marroquim, no bairro de São José, viveu Maria. Pedia esmolas todos os dias aos passantes apressados.  Os três filhos estudaram em escola pública e se formaram na faculdade. Mas a mãe, analfabeta, nunca deixou de ganhar seu pão na rua. “Ela dizia que era o trabalho dela, que fazia de forma digna, e não quis sair daqui”, lembra Fortunato Russo Sobrinho, 56 anos, sobre a emblemática personagem do lugar. O empresário hoje comanda outro ícone local, a loja de confecções criada pelo avô e que leva seu nome, na rua há mais de 60 anos. “Na década de 1960, aqui era o baixo meretrício, cheio de pensões e bordéis”, lembra Fortunato sobre o beco, que vai da Rua Cais de Santa Rita até a Rua da Penha.
Na esquina com a Rua da Praia, um senhor pede meio copo de café preto na lanchonete. O comerciante Manuel Bezerra de Vasconcelos, 70 anos, tem ponto no mesmo lugar há 46. Antes de abrir a Imperial Lanches, tinha um armarinho e trabalhava vendendo miudezas. Na esquina oposta, ficava a Casa Fernandes Costa, loja de tecidos famosa na época. “Quem passava muito por aqui era Luiz Gonzaga. Ele vivia no Mercado de São José”.
Ali perto, no mesmo bairro, o Beco do Sirigado liga a Rua Direita à das Calçadas. De tão estreito, só se encaixam barracas em um dos lados. Misturadas aos adereços de carnaval e às peças íntimas penduradas, máquinas de costura da década de 1950 trabalham. O Rapidão, que conserta bolsas e sapatos na hora, tem endereço no beco há 48 anos. Sentada à frente de sua Singer azul, a costureira Glaine Fernanda cuida da loja do pai há mais de 20. “Muita gente saiu, porque aqui é apertado demais”, conta. A vendedora de milho cozido Maria Gertrudes da Silva resiste: há 16 anos trabalha no Sirigado. “Antes, o beco vivia cheio de gente. Eu vendia muito”, lembra. “Em casa, guardo fotos de como era antigamente”.
Saudoso também Julio Buonafina, um dos tantos amoladores que se concentram no Beco do Veado, entre a Avenida Dantas Barreto e a Rua Direita. Julio tem 80 anos e começou a trabalhar com o pai aos 14. “Antes se ganhava muito dinheiro amolando. Havia muitas costureiras e alfaiates, que hoje quase não existem”, explica ele, que amola tesouras, facas e alicates desde 1967. “O povo chama de Beco do Veado porque o dono daquele sobrado, que veio de Portugal, pendurou um veado na casa. Mas aqui não é Beco do Veado, não, é Travessa São Pedro”.

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Por: Romero Araújo

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