Sem eles não haveria Carnaval... já pensou a sua banda favorita parar de cantar por falta de planejamento? E se aquela troça ou bloco carnavalesco não conseguir se apresentar por falta de uma peça de roupa ou algum acessório? E aí, o que fazer? É para isso que os figurinistas trabalham arduamente para manter tudo bonito aos olhos de quem espera o ano inteiro pela apresentação. Os bastidores é a principal causa de manter tudo organizado, padronizado e sem que ocorram maiores dores de cabeça, porém como há sempre em qualquer grande evento suas falhas, estas são superadas pelo desempenho mostrado em palco.
E no quadro de hoje, O Carnaval é Nosso! , entrevistamos
a Carnavalesca do Caboclinho
Kapinawá, Natalí Falcão que vai nos contar um pouco sobre a história do grupo e
sua participação.
VIVA: Como começou sua história no Kapinawá?
NATALÍ: O
Carnaval começou muito cedo pra mim, desde o início sempre fez parte da minha vida,
meu avô (por parte de pai) é fundador do caboclinho, minha tia começou dançando, inclusive meu pai e minha mãe se conheceram no caboclinho. Os ensaios aconteciam no
campo próximo a minha casa , minha mãe sempre acompanhava os ensaios, quando o meu pai viu minha
mãe achou ela bonita e ficou dançando pra ela (risos). Namoraram, casaram e minha mãe
dançava e ensaiava grávida de mim. Então desde embrião vivi naquele meio
cultural, desde pequena via meu pai fazendo capacete, os figurinos, eu tinha
muita vontade de dançar, meu pai e meu avô nunca me deixavam dançar por ser
nova. Tinha quatro ou cinco anos e não era permitido criança nas
agremiações, tinha que esperar completar sete anos, eu esperei meus sete
anos,comecei a dançar, a me apresentar e comecei a me apresentar como destaque, atrás
do porta estandarte. Mais tarde passei a participar do grupo Guerreiras, a casa
fica cheia de gente, mostrando coreografia,fiquei vendo essa união.
VIVA: Como se sente por trás dos
bastidores?
NATALÍ: É muito legal quando, por exemplo,
você sai na rua e a pessoa olha aquela sua roupa e pede para tirar uma foto com
você, e você imagina todo aquele tempo que passou bordando, comprando as coisas,
pensando no que fazer e como fazer aquilo, e de repente ver o seu trabalho
reconhecido, ver o seu trabalho ali, pronto. É um misto de felicidade mesmo. O
caboclinho tem seus diretores, formado por grupos, cada grupo tem seu diretor e
no meu caso a diretora do grupo pensa em alguma coisa e em reunião discutimos e
aos poucos vai colocando a ideia em prática, a gente chega a passar noite
acordadas, chega a dormir na casa da minha tia onde se reúnem as pessoas do
grupo as Guerreiras e lá às vezes não tem cama pra todo mundo, dormimos no
emborrachado que é um dos materiais que a gente usa pra fazer roupa e dorme no
chão, se acorda feliz e já acordamos bordando, colocando pena, escolhendo
pena...
VIVA: E como é o preparo, dois meses
antes?
NATALÍ: Começou
em janeiro desse ano, passando já à noite acordados.
VIVA: E a escolha do tema para
confeccionar, como se faz?
NATALÍ: Na
verdade não tem uma temática, a gente primeiro escolhe as cores e os diretores
começam a discutir as cores para dar um equilíbrio visual, para não ter
repetição de cores, a minha por exemplo vai ser rosa e verde, outro escolhe uma
cor que não distorça das outras, os grupos vão ficar em sequência, cada grupo
tem seu tema, às vezes não é um tema fixo, é um tema abstrato. Por exemplo, ela
(diretora) viu um símbolo muito bonito, gostou daquele símbolo e nele há um
significado que está na beleza dele.
VIVA: Como você se vê nas duas vertentes,
bastidores e à frente do caboclinho?
NATALÍ: No
caso eu também danço, faço minha roupa para eu dançar, eu adapto minha roupa,
vou lá na avenida e danço. A alegria de estar ali representando a cultura e ver
todas aquelas pessoas prestigiando você, o seu trabalho e mais tarde ver os
resultados... na escolha no ano passado o grupo foi campeão e você vê realmente
que valeu a pena todo o esforço. Me sinto realizada carnavalescamente (risos).
Acervo pessoal, Natalí Falcão