Hoje o Teatro do Parque completa
noventa e nove anos. Construído pelo comerciante
português Bento de Aguiar, que investiu 200 contos de réis e entregou a
decoração da casa dos pintores Henrique Elliot e Mário Nunes, o prédio, todo em
art-nouveau, foi cuidadosamente projetado para oferecer mais conforto ao público
de uma cidade tropical. Em 24 de agosto de 1915 o Teatro do Parque foi
inaugurado com a apresentação da Companhia Portuguesa de Ofertas e Revistas.
Grandes companhias brasileiras passaram pelo palco do teatro, como as de
Vicente Celestino e Alda Garrido, e as primeiras peças da parceria Samuel
Campelo Valdemar de Oliveira. Na época do cinema mudo, os filmes eram
acompanhados por músicos que, depois, fizeram nome, como o maestro e compositor
Nelson Ferreira. O Teatro do Parque fez parte também da consagração do cinema
falado. De 1929 a 1959, o espaço foi arrendado ao grupo Luiz Severiano Ribeiro
e lançava filmes da Disney e chanchadas brasileiras. Mas, graças à pressão da
classe teatral, o prefeito Pelópidas da Silveira o desapropriou e promoveu uma
reforma completa. A reinauguração aconteceu em 13 de setembro de 1959, com a
peça Onde Canta o Sabiá, com direção de Hermilo Borba Filho. Em 1973, um
convênio entre a gestão municipal e o Instituto Nacional do Cinema, o Parque
foi transformado no primeiro cinema educativo permanente no Brasil. Algum tempo
atrás abrigava a Banda da Cidade do Recife promovendo sessões de cinema a
preços populares, iniciativa elogiada nacionalmente. Atualmente vem passando
por situações desagradáveis: O Teatro está em total abandono, a reforma
prometida por gestões anteriores já ultrapassam mais de três anos e dessa vez a
comemoração do aniversário não poderá ser realizada. Ficou previsto para
novembro de 2016 a entrega da obra para a população que
espera ansiosamente por mais um entretenimento de herança histórica e logo
mais, centenária da cidade do Recife.