Talvez seja o poeta Manuel Bandeira o maior publicitário da Rua da Aurora, idealizada por seus poemas evocativos de tempos que o Recife já não vivencia. Se era no cais “onde se ia pescar escondido”, hoje o abandono que circunda a estátua do escritor, eterno vigilante da via, está exposto para quem se der o trabalho de apenas olhar. Lixo em grande quantidade, equipamentos públicos pichados, castigados pela ferrugem e muitos quebrados ou sem recursos de segurança mínimos, além da maior reclamação de moradores e usuários do logradouro: segurança.
Justamente por isso, o anúncio de um projeto de requalificação da rua, realizado ontem, se faz tardio, ainda que tão urgente quanto necessário. A meta é investir em capital humano e financeiro e elevar o uso da área para lazer e negócios, o que inclui quiosques, restaurantes e até brinquedos de grande porte, como uma roda-gigante fixa.
Se atualmente quem usa a Aurora sente como a via deixou de ser digna de poesias, o secretário de Segurança Pública do Recife, Murilo Cavalcanti, admite que o problema vai além. “A verdade é que a área não é digna de se viver. Muito se reclama de policiamento, mas não é a Guarda Municipal que vai dar jeito. Temos que lidar com o problema de usuários de drogas e não adianta sair prendendo. É preciso dar um direcionamento a eles e requalificar a região, dando um novo sentido de ocupação do espaço público”. Segundo ele, cerca de R$ 4 milhões devem ser investidos na revitalização dos equipamentos e a exploração comercial da área será feita com apoio público-privado.
Como está
A maior parte dos equipamentos da rua, relacionados ao lazer e ao esporte, será mantida, entre a Ponte Princesa Isabel e a Rua Araripina. O problema é que o atual estado deles não inspira confiança em mudanças. “Passo sempre aqui de patins, mas nem deveria. As pedras acabam com as rodas. A pista é desnivelada e tem buracos. Não ajeitam porque não querem”, opina o estudante Tácio Antônio de Lima, 18.
Ao longo do perímetro encontram-se afundamentos do solo, sacos de lixo, gradis quebrados, monumentos e equipamentos sujos ou pichados. No trecho entre a Araripina e a Rua Dois de Julho, funcionam equipamentos de lazer infantil que seriam mantidos. No entanto, as quadras e parques têm problemas. “Nos poucos brinquedos, o solo é de areia e ficam próximos da via, sem ter uma grade de separação para as crianças”, denuncia a estilista Juanna Lyra, que vive desde o nascimento, há 31 anos, na Aurora.
Entre a Rua Dois de Julho e a Ponte do Limoeiro, funcionaria a área de cooperação público-privada, mas no atual estágio, o que existe é abandono. “Não há manutenção, mas o problema maior é o segurança. Proibi minha filha de passear com os cachorros sozinha”, lamenta o empresário Luiz Wilson Quidute, 46.
Como pode ficarSerão três meses para concepção de um projeto executivo e um processo de licitação para definir as empresas envolvidas na reforma e na exploraçãoa comercial - restaurantes, quiosques de água de coco, bancas de revistas. A reurbanização inclui calçadas refeitas e adequação do esgoto. Entre as novidades estarão decks para passeio sobre o rio e pedalinhos, assim como uma roda-gigante próximo à Ponte do Limoeiro.
“Todo o projeto deve ficar pronto a tempo da Copa e nos próximos dois meses resolveremos a questão da prostituição e uso de drogas no entorno, com ações desenvolvidas há mais de um mês”, diz o secretário Murilo Cavalcanti.
A inspiração para o projeto vem da leitura de Morte e vida das grandes cidades, de Jane Jacobs. Nada mais adequado que a aclamada rua de tantos frevos e poesias encontre redenção por meio da inspiração de gestores na literatura. Assim, quando tantos “voarem” ao Recife e “pousarem na Rua da Aurora”, possam ter experiências na “Aurora de tantas vidas”, cujos anos não tragam nada além de boas recordações.
Entre a Rua Dois de Julho e a Ponte do Limoeiro, funcionaria a área de cooperação público-privada, mas no atual estágio, o que existe é abandono. “Não há manutenção, mas o problema maior é o segurança. Proibi minha filha de passear com os cachorros sozinha”, lamenta o empresário Luiz Wilson Quidute, 46.
Como pode ficarSerão três meses para concepção de um projeto executivo e um processo de licitação para definir as empresas envolvidas na reforma e na exploraçãoa comercial - restaurantes, quiosques de água de coco, bancas de revistas. A reurbanização inclui calçadas refeitas e adequação do esgoto. Entre as novidades estarão decks para passeio sobre o rio e pedalinhos, assim como uma roda-gigante próximo à Ponte do Limoeiro.
“Todo o projeto deve ficar pronto a tempo da Copa e nos próximos dois meses resolveremos a questão da prostituição e uso de drogas no entorno, com ações desenvolvidas há mais de um mês”, diz o secretário Murilo Cavalcanti.
A inspiração para o projeto vem da leitura de Morte e vida das grandes cidades, de Jane Jacobs. Nada mais adequado que a aclamada rua de tantos frevos e poesias encontre redenção por meio da inspiração de gestores na literatura. Assim, quando tantos “voarem” ao Recife e “pousarem na Rua da Aurora”, possam ter experiências na “Aurora de tantas vidas”, cujos anos não tragam nada além de boas recordações.
Fonte: Diário de Pernambuco