"De 1863, da época da monarquia, só resta o Maracatu Leão Coroado, e mais nenhum. Sendo o Maracatu Leão Coroado, no histórico, o mais velho (em atividade ininterrupta) maracatu de Pernambuco, da fundação do Carnaval de Pernambuco." Era assim, num tom de orgulho, que o Mestre Luiz de França (1901-1997) se referia ao seu mimo e à sua herança, em documentário gravado em 1987, no Recife, e hoje felizmente acessível no Youtube. Há exatos 150 anos, num dia 8 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, era fundado no bairro da Boa Vista o Maracatu Nação Leão Coroado, Patrimônio Vivo do Estado e um dos símbolos da resistência afro-brasileira no Nordeste, que acompanhou e acompanha, há mais de um século, o desenvolvimento sociocultural da cidade com as batidas das suas alfaias. Data que foi comemorada ontem com uma singela apresentação, na sede em Água Compridas.
A comemoração do sesquicentenário começou com uma exposição fotográfica no térreo da Torre Malakoff (Bairro do Recife), em cartaz até o início de janeiro, no mesmo dia que foi inaugurada a exposição Pernambuco Vivo, do Jornal do Commercio, que também possui fotos e vídeos do maracatu.
O Leão Coroado nasceu em meio à efervescência de um Recife portuário. Um grupo de estivadores que trabalhavam nos armazéns, negros vindos da África, fazia seu louvor aos antepassados, saudando a rainha Ginga – uma festa que tem suas origens na coroação dos Reis do Congo, como historiaram pesquisadores locais e internacionais, a exemplo de Câmara Cascudo. Luiz de França viu a nação coroada crescer, e terminou herdando a agremiação após a morte do seu pai, que foi um dos fundadores. Nos seus primeiros anos, o maracatu esteve imerso no Centro da capital, acompanhando o crescimento urbano recifense.
Fonte: Jc Online